segunda-feira, 30 de abril de 2012

A nossa canção, por André Lemos


Sobre Cavalos e Baias

Vê... cavalgo na idéia absurda
De ser pra sempre sua e fico muda
Muda, muda, mudar por você
Perceba o vazio em um abraço
Um laço frouxo e desencantado

Perdido na loucura de ser sua,
Sempre nua, quase lua
Na tortura que flutua
O abismo em uma fissura...
O claro não se vê

Visto a minha cor em tom flagelo
Feito coice tal martelo
O cavalo em meu ego
Me persegue por prazer

Altivo e duro em sua marcha sem prazer
Passivo e nulo em sua baia sem lazer 2x

Crê, que toda confissão é um lamento
Você me disse algo que não entendo
Mas lembro, lembro, lembro, lembro...

Vê carrego então em mim a sua aposta
Um grito de suborno sem resposta

Sentindo o amor ser sempre
Duro, quase sujo, o escuro
A esperança é um sussurro
Um abrigo inseguro...
É a luz que não se vê

Visto a minha cor em tom flagelo
Feito coice tal martelo
O cavalo em meu ego
Me persegue por prazer

Altivo e duro em sua marcha sem prazer
Passivo e nulo em sua baia sem lazer 2x

Solo

Crê, que toda confissão é um lamento
Você me disse algo que não entendo
Mas lembro, lembro, lembro, lembro...

domingo, 29 de abril de 2012

Translação; Traslado


Translação é o movimento que um objeto realiza de um ponto a outro. É o deslocamento paralelo, em linha reta, de um objeto ou figura, em função de um vetor.
Na simetria de translação, a figura "desliza" sobre uma reta, mantendo-se inalterada. Podemos citar como exemplo de translação, elevadores,escadas rolantes e até mesmo escorregadores.
Em todas as translações podes observar que um mesmo elemento se desloca numa determinada direcção e sempre paralelo a si próprio, isto é, sem nunca rodar. Num friso há um motivo que se repete periodicamente, numa determinada direcção e sempre paralelo a si mesmo.

Translado é usado por algumas pessoas como transporte terrestre de passageiros, mas na realidade translado é o transporte de pessoas mortas de um local para outro. Traslado é que é o trasporte de pessoas vivas.
diferente: trANSlado e trASlado

a dor do não dito | LETÍCIA G.R.D.


Redescobrir os caminhos do texto é encontrar-se com o lugar do indizível. Sabe-se que esse inominável é de alta periculosidade. Caminha de olhos fechados no meio da avenida. Nauseia-se então na palavra seguinte. A dor do inatingível lhe alcança todos os dias. Como explicar para um lugar cinza que as danças se concluem muito vagarosamente em sua mente? Mas de repente estalam! Tornam-se nítidas e intensas. Como se sempre estivessem ali só esperando para serem nomeadas. Não é possível pausar o tempo, desfazer angústias e desmembrar as dores. Tudo persiste na intensidade caótica do pensamento. Como é mesmo o nome dessa palavra? Expressar. Cada vez é mais difícil expressar. Deslocar o pensamento para o papel. Revirar a garganta na procura do substantivo. Chacoalhar o cérebro na busca de uma definição. É! Desse modo. Assim. E assim continua o texto. Um texto que não vai atingir seu lugar. O topo do morro é inacessível à linguagem. Só o pensamento e a idéia podem chegar até lá. Quem sabe o corpo em movimento transmita melhor a mensagem. O ato de escrever cristaliza o movimento do pensamento. Impede que os devaneios sejam compreendidos. Amarra a alma em um nó de gravata. Desfaz-se no horizonte. No outro dia retorna. Aperta. Afrouxa. Desespera os sentidos. Cala a alma. No outro instante grita. No entanto, nada expressa. Gira em círculos desatinados em busca da palavra. AHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!



Porque nada é absoluto. Milhares de folhas verdes escuras e claras se chocam lá fora com o vento incessante e gelado que transformou essa cidade em cinza em plena primavera quase verão. E hoje eu me sinto no outono quase inverno. Só que ao contrário. Minha pele em riste parece denunciar uma espécie de falta transmutada em amargura e dor que acaba por me levar a um choque interno intenso e íntimo. Dezenas de correntes me elevam a uma altura que nunca estive e orquestradas me soltam em direção ao chão que não é só meu destino mas sim meu túmulo mais supulcral e definitivo. Quando eu disse que te amava pela primeira vez eu experimentava todo o prazer único, exclusivo, intenso e inesquecível de se entregar pra alguém que se entrega pra você, e nossos corpos foram um só porque eu nunca havia sentido a vontade e o desejo e o amor carinhoso e permeável e intenso e bonito e valente e corajoso que eu senti por você. Eu só queria que esse outono quase inverno fosse aquele nosso verão do avesso perfeito e desenhado que havíamos nos prometido. Eu te desejo toda a liberdade do mundo porque teus olhos inocentes e reticentes e molhados e suaves são o retrato de um homem brilhante, único, singular e idealizado de forma potencializada pela dor de amor que eu sinto agora por você. Que essas rajadas geladas e sombrias lá fora consigam petrificar e pacificar tudo de mais especial que vivemos juntos dentro de mim.


ZG 


http://osbonsnuncaserendem.blogspot.com.br/

sábado, 28 de abril de 2012

Vocabulário


Essa criança não vai parar de chorar não? Como se não bastasse morar num prédio de paredes tão finas que dá pra sentir o cheiro do vizinho. Acho que vou descer para comprar um cigarro, o Jorge só me trata bem porquê sou mulher, mas mesmo assim eu sempre compro com ele.


A:Você vem sempre aqui?
B:Um café, por favor.
A:Dois.
C:Um amor, por favor.
D:Três.
B:Você pediu um café mas queria um drink.
A:Silêncio, por favor.
B:Açucar ou adoçante?
A:Brigado, prefiro amargo.
B:Pode ser expresso?
A:Outro.
B:Com quem eu falo?
A:Com quem quer falar?
B:Preocupada?
A:Já parou pra pensar que quando uma pessoa passa a mão no rosto ela tem o que dizer?
B:Tá me escondendo alguma coisa?
A:Fala primeiro.
B:Café com leite. Sabe o que eu tava pensando?
A:Como foi a viajem?
B:Pensei muito em você.
A:Duvido.
B:Fala.
A:O relógio da cozinha parou.
B:Eu conheci outra pessoa, acabou a pilha?
A:Viu? Não, parou a dois anos.
B:Mas eu pensei em você.
A:Sabia que tem chovido muito? Tá rindo do que?
B:Prefiro colombiano.
A:Casar com um colombiano?
B:Beber um colombiano.
A:Com um biscoitinho que é muito elegante.
B:Pensou no jantar?
A:Não, fiquei com preguiça.
B:Ah, que pena eu tenho fome.
A:Sabe o que eu tava pensando?
B:Não quero saber agora.




quinta-feira, 26 de abril de 2012

Para Nat.


“A conexão atenta consigo mesmo, com o outro e com o meio, transforma o que seria uma sucessão linear de eventos em ações-reações imediatas. A temporalidade do fluxo desconstrói as etapas do processo expressivo, digo, dilui o minúsculo espaço de tempo entre pensar e agir, entre estímulo e resposta, entre sentir e emitir. Quando em fluxo, o ator não expressa um estado, ele vibra em um estado” (p.322)


Nat, isso é o que eu gostaria de ter formulado para lhe dizer no último ensaio. Imersa na composição, em fluxo de resposta ao tempo, ao Fred e ao espaço, você não precisou criar um estado, mas vibrou em um estado único. O outro idioma, corroborou para isso em seu distanciamento. Quer dizer, por estar livre da incumbência de nos fazer compreender o que você dizia, conseguiu nos aproximar daquilo que poderia ser...da tentativa de dizer, da abertura, da sugestão de um posicionamento. Comunicou.

NA VERDADE É PARA TODOS OS ATORES.

FABIÃO, Eleonora. Corpo Cênico, Estado Cênico. IN: Revista Contrapontos Vol. 10, No3. Santa Catarina: Revista do PPG em Educação da UNIVALI, 2010.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cuide de você



Sophie,
Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último e-mail. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito.
Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as “outras”, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.
Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e “generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você.
Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as “outras”. E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.
Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.
X

Eu não mostrei meu pau, aí ele foi embora.


Connected to somebody.

Location: Turkey

Partner: hii
Partner: samba
You: samba
Partner: yeaa
Partner: men
Partner: madam
You: men
Partner: web cam
Partner: sex
Partner: penis
Partner: yes
Partner: body
Partner: penis
Partner: stundap
Partner: penis
You: now?
Partner: by

terça-feira, 24 de abril de 2012

domingo, 22 de abril de 2012

Eu parei para pensar nisso aqui #4

Escrevo na tentativa de passar para vocês a satisfação que estou sentido. Sobre cavalos e baias é um projeto de encontro. Um projeto de reencontrar-se consigo mesmo. Cuidando de si, cuidamos dos outros, cuidamos do todo. Os cavalos somos nós mesmos, aqueles e aquelas perdidos em meio a tanta informação e pouco conteúdo. Os cavalos somo nós mesmos, as pedras brutas, que não foram lapidadas e que, perante ao desespero, se animalizam. Os cavalos somos nós mesmos que buscamos encontrar a possibilidade de um carinho no escuro. As baias estão todas aí. As baias são os limites que separam um corpo do outro. É aonde podemos dizer: aqui acaba o seu e começa o meu. São os condicionamentos que criamos para viver em sociedade. Ou melhor, tentar viver. Os cavalos são os humanos e as baias os seus quartos de dormir. Cavalo sem baia é cavalo solto, avesso a toda e qualquer estrutura. Cavalo que nega o organismo do poder, não faz movimento, só gera oposição e barulho.

O bom é ver o Rafa dançando, sua expressão fatigada e o corpo suado. O corpo zero, o passaporte para todo e qualquer salto. Me leva com você Rafa! Tem gente de todos os tipos e prá tudo quanto é lado. O bom é ver o Gunnar criando, desafiando o tempo-espaço em eterno combate. Carinho no chão. Como é que se dança? Eu me fiz essa pergunta no meio do ano de 2010 e é o Gunnar hoje quem me traz a resposta. Diariamente. A Nat falando em francês, gritando alto, limpando a sujeira do mundo e até a rachadura que não podemos ver. A Nat é um presente e o bom é ver o sorriso dela, a alegria que nos contagia. Diariamente. O bom é ver a Malila grande, enorme, uma árvore plantada no meio do asfalto. Desfolhar-se em cabelos e dedos. A máquina de cortar em rodelas aquilo que não pode ter nome e nem ser enquadrado. O bom é ver a Bel beijando, ilustrando a nossa trajetória com beijos seus. O bom mesmo é ver a Bel. Sempre. Fred e sua inesgotável curiosidade sobre o que estamos criando. Seu corpo que agora é reflexo de um atravessamento, abraça a sala de ensaio. O bom, quer dizer, o delicioso é ver Cacá dizendo, transformando palavra em gesto. Quando ela corre eu não quero mais nada. Quero ficar alí. Quero ficar aqui. Tudo que vem da Aline é Clarice, fumando um cigarro, trancada dentro de uma geladeira. O bom é saber que a Aline vai cantar. Que bom que está tudo bem. O bom é ter o Be ali sentado, anotando tudo, cuidando da gente, cuidando de mim. É bom demais. A Dani, nossa observadora, nosso olhar atento, nossa ponte com o mundo. A Dani e o seu caderno. O bom é ter a pesquisa da Su, suas colocações sabor  de algodão doce e tarde em dia de festa. É bom demais ter a Luar, essa artista que mudou o meu modo de ver e desejar. É como se ela criasse flutuando. Eu vou com você amiga. O bom é ter esse time na sala de trabalho e ver que ele é enorme. O bom é saber que ainda tem a Júlia, o André, o Chico, o Lucas, a Rosyane e o trio róquemrou MarcelaRenataNat. O bom é saber que com essas pessoas ainda existem muitas outras colaborando. Como é bom. 

eu queria dar este espetáculo de presente para a Dóris. 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Os Amores Imaginários


http://www.youtube.com/watch?v=17b1cnq3-6o&feature=related

Mas, claro, me apaixonei por aquele desgraçado arrogante que demora uma eternidade para responder meus emails. Sou uma idiota. Às vezes, estou no computador e entro em pânico. Fico muito agitada. Eu acho que se alguém morresse cada vez que aperto o F5, não sobraria ninguém com vida.
Sei de tudo. Tudo. Sei onde ele trabalha, os restaurantes que frequenta. Fui ao prédio dele, falei com o zelador e perguntei, sei lá porque, se ele estava em casa. O zelador começou a falar sobre ele, eu escutei, comecei a falar também o pouco que sei dele, como se o conhecesse desde o jardim de infância.  De repente, percebi que estava ferrada, então, pedi que dissesse que Cindy Rosenberg deixou um “oi”, para não parecer uma obcecada. Se ele tivesse alguma ideia do quanto estou bem informada. Seu pai teve um derrame em 2002. Sua mãe tem um quiosque de flores na “Treasures Jocelyne”. Se ele soubesse, provavelmente entraria no programa de proteção à testemunha contra pistoleiros da máfia.
Glenn Close, em “Atração Fatal”. Esta sou eu.
Agora ele está estragando todos os meus lugares favoritos, porque quando ele não está lá, bebendo com os amigos, quando ele não está lá, fico entediada. Não tem graça. O tempo pode estar legal, os pássaros cantando, o vinho ser bom, e eu penso: “calem-se, desgraçados!”. Não tem graça.
Quando ele está lá, cuidado! Parece que ingeri cinco “speeds”. Digo “oi” para todos. Ajo como se estivesse curtindo tudo. A mil. “E aí?!”. E o pior, mal falo com ele. Mas sei que ele me vê. Você vê as pessoas mesmo sem olhar para elas. Tipo, como se você estivesse lá, e eu olhando para cá, te vejo. Não estou olhando, mas te vejo. Eu sei para onde você esta olhando. Eu sei que você está ohando para mim. Desgraçado.
Já não aguento mais. Cheiro o café. Não passo minha vida toda no Hotmail. Digo, é legal no começo, mas é muito intenso. Você sabe, o sentimento quando sua caixa de entrada tem novas mensagens em negrito. Você tem e-mail. O nanossegundo depois de clicar e aparecer. Ele escreveu. Você está duplamente feliz, sua caixa de entrada em negrito, e um e-mail de merda da Amazon.com, com a venda de um abajur em promoção.
Rejeição é difícil, mas é melhor resolvê-la logo. É como uma gilhotina. Mas esperar por uma resposta, passar semanas pensando que sou uma merda, enquanto ele vai embora. Loucura, não? É como ter sua cabeça cortada em câmera lenta. É como um longo e persistente ‘Não’. Mas em um certo ponto, você perde a paciência. Você se esgota. Você se esgota e tudo fica desprezível, tudo fica escuro e podre.

Maria Llopís | Chatroulette

It is 3 am. Just got home. I am drunk and tired, but I do not feel like going to bed. Tonight I did not get a boy and I feel like sex. I take my computer into the bed and place it between my legs. I go to one of those chats for live sex and I get a warning: my image may be recorded. I accept.

São 3 da manhã. Acabo de chegar em casa. Estou bêbada e cansada, mas não quero dormir. Não arrumei nenhum cara hoje a noite e estou com tesão. Pego o computador e o coloco entre minhas pernas. Acesso um desses chats para sexo virtual e recebo um aviso: minha imagem pode ser gravada. Eu aceito.(...)


(...)I find it frightening, this hygienic, safe sex that online sex entails. There are no risks, I can’t get pregnant, I can’t catch an STD, there are no mindfucks. I turn the screen off whenever I want, and that’s it, I’m in the silence of my bedroom, in the solitude of my world, in the other reality, the one this side of the keyboard.

Acho assustadora essa higiene, essa segurança que o sexo virtual implica. Não há riscos, não posso engravidar, pegar uma DST, não existem "joguinhos". Eu desligo a tela quando me der vontade, e é isso, estou no silêncio do meu quarto, na solidão do meu mundo, na outra realidade, deste lado do teclado.


(http://www.mariallopis.com/en/portfolio/revising-gender-roles-and-stereotypes-through-art-and-technology/)

Porque não crema

D'O Globo de hoje.

Um olhar sobre a cidade: Innen Stadt Außen

Olafur, sempre.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quem nunca esteve cara a cara com o deserto dentro de si?
Compreender o que se passa
O instante me inspira e guia
Rumo ao desconhecido, belo, inimaginável.
O instante me pegou e me fez prisioneira.
Ainda não sei se tenho escolha.
Nem se quero escolher.
Agora.
O que há em mim não se incorpora.
Não subtrai.
Não soma.
Só me confunde, desperta e alegra.
O que habita em mim permeia sonhos
e constrói castelos onde jamais iremos reinar.

Espera só mais um pouquinho... e a gente vai.

Mais uma vez essa música e a gente vai.
Escreve um poema pra mim e a gente vai.
Só vou gozar mais uma vez e a gente vai.
Deixa a vida melhorar e a gente vai.
Me deixa em paz e a gente vai.
Solta o "play" e a gente vai.
Só o sol nascer e a gente vai.
Tá, um "tic tin" e a gente vai.
Só esse cravinho e a gente vai.
Vou cuspir no chão, quando secar a gente vai.
Me dá R$100,00 que a gente vai.
Um "pai nosso" e a gente vai.
Quando eu achar minha chave a gente vai.
Me agarra gostosinho que a gente vai.






“Era uma vez, uma menina que tinha sete cavalos invisíveis. As pessoas pensavam que ela era louca pelo fato de imaginarem que os 7 cavalos não existiam, mas não era o caso. Para ela, eles estavam lá. Chegando o outono, a garota passou o dia inteiro lavando suas roupas. Pendurou-as em uma corda em seu jardim para que o sol suave do outono secassem-nas. De repente, uma terrível tempestade surgiu e levou todas as suas roupas e seus cavalos. A menina passou o outono procurando cada cavalo e encontrou, cada um deles, envolto em suas roupas, que ainda tinham o cheiro suave do sol do outono.”

Autorretratos de John Coplans (referência para vídeo)





quarta-feira, 18 de abril de 2012

Coreografia composição Gunnar/Fred

Apresentação:


Sequência 1 -
(Fred sozinho - entra Gunnar)

A - Início/até abaixar.


B - Até o coice.

(Entra Rafa/ Nat)
C - Transições e abraços.
(Sai Gunnar em cima do Fred)


Sequência 2 -
(Texto Nat - "Avenca" até  "Você tá acompanhando meu raciocínio?")
A - Até coice.


(Entra Gunnar e Fred)
B - Transições e rolamentos.
(Diálogo "Avenca" Fred/ Gunnar, até "compreende?")


C - Namorados.
( Texto deixa Nat/Gunnar - "é claro")


( Entra Lila, Bel, Caca, Aline)
D - Prainha. ( espasmos / quique de bunda 4x/ posições relaxamentos)



terça-feira, 17 de abril de 2012

Ensaio #30 (terceira leva)



Ensaio #30 (segunda leva)




Ensaio #30 (primeira leva)





Burlei um protocolo.

Acho ótimo também. Jura? Eu também.
Que bom, eu também.
Gosto muito também. Não é possível, eu também! Sei, claro, eu também.
Fui totalmente também. Também, cara. Imagino, eu quebrei também.
Duas vezes também, sim já falei também.
Realmente, eu sei. Não dá também.

Uma última coisa e a gente vai...


dois segundos e a gente vai;
a saideira e a gente vai;
uma espreguiçada e a gente vai;
um tequinho e a gente vai;
deixa só eu escovar os dentes e agente vai;
deixa o remédio fazer efeito e a gente vai;
deixa o dinheiro da Alê e a gente vai;
deixa o filme acabar e a gente vai;
deixa só a poeira baixar e a gente vai;
um beijo na bunda e a gente vai;
o sorvetinho com brownie quente e a gente vai;
um último carinho e a gente vai;
dá um laçinho aqui no vestido pra mim, e a gente vai;
uma última coisa e a gente vai.

Não sei, tô em dúvida. O que tem la? Acho que não vou, tudo bem?.. 

Talvez eu tivesse até me divertido, mas não foi tão convincente.
 
... To cansado, com pouca grana, já bebí um pouco. Além disso não estou sozinho, bonita.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mesa

Essa rua não tem mais nada de mim



Mais Gal.

Ê, hoje tem arrastão

"Arrastão: Técnica de roubo urbano, inau­gu­rada em praias do Rio de Janeiro. Um pequeno grupo corre vio­len­ta­mente atra­vés de uma mul­ti­dão e “varre” dinheiro, anéis, bol­sas, às vezes até as rou­pas das pessoas."

"O arrastão é uma tática de roubo coletivo urbano presenciada primeiramente na década de 1980 na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente na praia de Copacabana. O caso mais famoso de arrastão, aconteceu em 18 de outubro de 1992 na praia de Ipanema e teve repercussão internacional. Posteriormente, a tática foi presenciada em outros locais do Brasil. Consiste-se no roubo coletivo de dinheiro, anéis, bolsas e às vezes até mesmo de roupas dos transeuntes por um grupo de pessoas. O grupo pode ou não estar organizado, dependendo da espontaneidade do roubo." (wikipedia)

http://www.dgabc.com.br/News/5952014/grupo-faz-arrastao-em-lanchonete-em-sp.aspx

http://www.dci.com.br/mprj-denuncia-quadrilha-responsavel-por-arrastao-em-restaurante-em-niteroi-id289826.html

Pesca de arrasto

"A pesca de arrastão de fundo do mar é um tipo de pesca industrial que arrasta imensas redes no solo oceânico. As redes possuem grandes placas de metal e rodas de borracha movendo-se pelo solo oceânico, levando tudo que nela se prende.

Este tipo de pesca causa grandes perdas em ecossistemas, cujas espécies se recuperam com muita lentidão. O fundo do mar, nos tempo atuais, abriga imensas florestas submersas e hoje possui cerca de 500 mil a 5 milhões de espécies marinhas ainda não descobertas pelos pesquisadores.

A pesca de arrastão é uma grande ameaça tanto para espécies catalogadas e não catalogadas, pois as imensas redes utilizadas acabam com as últimas áreas ainda intocadas da natureza.

Há no fundo do mar as cordilheiras subaquáticas com montanhas de até 1000 metros, conhecidas como “seamounts”, a cordilheira mais longa da Terra está no fundo do mar, e é conhecida como “Mid-Oceanic Ridge”, e se estende do Oceano Ártico ao Atlântico, estas regiões são ricas em biodiversidade marinhas e ainda intocadas pelo homem.

Esta riqueza natural está sob a mira da pesca de arrasto, que visa aumentar seus lucros em áreas oceânicas inexploradas, destruindo espécies antes de serem catalogadas pela ciência, e inaugurando um deserto no fundo do mar pobre em nutrientes."
(http://oceans.greenpeace.org/pt/nossos_oceanos/pesca_arrastao)

"Arrasto

O arrasto é uma força de resistência ao movimento de um objeto num fluido (como o ar - a água também é um fluido). Uma forma de sentir o efeito do arrasto é colocar (com cuidado) sua mão para fora da janela de um carro em movimento. O arrasto que sua mão produz depende de alguns fatores, como o tamanho de sua mão, a velocidade do carro e a densidade do ar. Desacelerando o carro, você nota que o arrasto em sua mão também diminui.
Esportes têm bons exemplos do efeito do arrasto. Pilotos de moto se abaixam nas retas para ganhar velocidade (e erguem o torso nas freadas para aproveitar o arrasto). Esquiadores da modalidade downhill nas Olimpíadas de Inverno se agacham sempre que podem, para ficar "menores" e reduzir o arrasto que produzem, acelerando mais rápido montanha abaixo.

É para reduzir o arrasto que logo após a decolagem um avião de passageiros recolhe o trem de pouso, guardando-o na fuselagem (o corpo) do avião. Assim como o esquiador e o piloto de moto, o piloto do avião quer tornar a aeronave o menor possível para reduzir o arrasto. A quantidade de arrasto produzida pelo trem de pouso de um jato é tamanha que, em velocidade de cruzeiro, o trem de pouso seria arrancado do avião." (http://ciencia.hsw.uol.com.br/avioes2.htm)





Escuto histórias de amor

quarta-feira, 11 de abril de 2012

a gente conta o tempo na relação.

só mais uma e a gente vai. a saideira e a gente vai. um cigarro e a gente vai. só o tempo de passar um café e a gente vai. um xixi básico e a gente vai. um copo dágua e a gente vai. um beijo nele e a gente vai. um abraço nela e a gente vai. chama o táxi que a gente vai. é o sinal abrir que a gente vai. faltam cinco linhas e a gente vai. um banho rápido e a gente vai. troco de roupa e a gente vai. só mais um e a gente vai. no intervalo a gente vai.

Também andei pensando umas coisas...

A Aline de costas cantando é um ruído muito interessante. Ela está "fora de quadro", mas completamente presente. Um extra-campo que eu só tinha presenciado antes no cinema. Talvez todas essas pessoas que aparecem no espetáculo também estejam fora de quadro. Acho que dialoga muito com o texto do Rafa. Presenças desgovernadas. "Você disse algo que não entendi, mas lembro".

Pessoas falam continuamente, mas não se ouvem. Talvez as interjeições tenham um grande papel no texto. "Olha, (antes do ônibus partir...)"; "Por favor, não me interrompa!" Os imperativos também. Os atores esboçam uma ligação que não se completa. "Alô?" "Alô?" "Você está ai?" “Você está me ouvindo?” A fala abafada, pela fita crepe ou pelo jornal, também me interessa. Talvez o vídeo possa funcionar como mais um elemento que tenta estabelecer "contato". Que reforça a tentativa de comunicação. Já a campainha interrompe. Gosto disso.

Penso muito em uma projeção reprimida, desenquadrada. Recortes de uma história de não-ditos, de paixões recalcadas, de relações falidas. Pessoas que vivem “fora de quadro”. Na grande cidade. Sob a luz neon. OPEN 24H

As relações parecem transitar em corda-bamba, tão frágil é o equilíbrio. A qualquer momento algo vai romper, se perder, não ser compreendido. "Compreende?"

Fiquei pensando sobre tempo. Temporalidade. Estar. Não estar. Presente. Quanto tempo é muito tempo? "O relógio da cozinhou parou...Tá parado há dois anos." Como a gente mede o tempo? “Um cigarro e vamos” “Só mais um café”

Fred diz: "Eu to sem..." E lista uma séria de faltas, fala sobre o que não se tem. Não é sobre insatisfação, é outra coisa. Ainda não descobri.

Nati começa um riso em semi-descontrole. Fora de hora. Remete a desespero, a deboche. De qualquer forma, o riso distancia do momento anterior: a conversa na mesa com o Gunnar. Acabou. Perdeu. Ela já não está mais ali.

Quando a Marília subiu fazendo a árvore, Aline começou a cantar "quero ficar no seu corpo feito tatuagem". Desejo de permanência. De dar conta do tempo, se apropriar dele. Que talvez também implique em se apropriar do outro. Do espaço do outro. Do que existe entre um corpo e outro. Esse meio. Encontrar o outro?